Ausência. Silêncio. Futuro. Beleza. Entre estes quatro pontos cardinais, Raquel Miragaia constrói os corpos. A ausência da distância, da morte, da solidão. O silêncio da vingança, do segredo, da cumplicidade. O futuro do horizonte, da indignação, o futuro que se estraga, o solipsismo sem futuro. A beleza do delírio, do mar, da infância.
Os corpos destes catorze relatos cuidam outros corpos, acarinham o medo, deliram, buscam vingança, encontram-na, viajam, ficam, começam de novo, desejam, gozam, morrem.
Com uma escrita macia, mas ao mesmo tempo sólida e intensa, Raquel Miragaia explora os corpos, surpreende-os e comove-os. Inscreve neles a palavra, mas deixa sempre ângulos cegos, espaços abertos para a imaginação e a criatividade de quem lê.

“Passem e vejam! Toquem. Não há mais nada. Apenas carne. Carne com desejo”.

Raquel Miragaia, formada em Filologia Galego-Portuguesa e Filologia Hispânica na Universidade de Santiago de Compostela, é professora de língua e literatura castelhanas no ensino secundário. Tem publicado colaborações em revistas e jornais como Mealibra (Portugal), Agália (Galiza), Novas da Galiza (Galiza), Cuadernos de Pedagogía (Catalunha), o fanzine 300 (Galiza). Em dezembro de 2002 publicou o seu primeiro romance Diário Comboio (AGAL-Laiovento) com fotografias de Luz Castro. Em Abril de 2007 publicou o livro de relatos curtos Em tránsito (Difusora de Letras, Artes e Ideas) com ilustrações de Mauro Trastoy. Participou na coleção O Lápis do Taberneiro com a publicação em 2010 do relato “O décimo terceiro mês” (Ediçons do Treze e Edizer SCP) recuperado agora neste livro. Na Através, em 2017 participou na coletânea de relatos eróticos Abadessa, oí dizer, em 2020 publicou Tempo Tardade e em 2025 reeditou o Diário Comboio.